Portishead - Third
A ansiada espera pelo terceiro álbum dos Portishead, depois de uma década volvida desde a edição do seu disco homónimo, elevou o grau das expectativas e da curiosidade dos seguidores da banda de Bristol.
Perante o mistério e as especulações que iam aparecendo sobre a direcção musical do sucessor de "Portishead", a banda viria a responder com o anúncio de um simples "Third", para designar o seu terceiro disco. Mas também avisaram que seria o irmão mais velho da sua família discográfica. O que muitos não esperavam é que a reinvenção sonora da banda chegasse tão longe e para muitos dos fãs a estranheza causada pela "bélica" 'Machine Gun' - single de apresentação - construída sob uma batida forte, num ritmo compassado fazendo lembrar rajadas de metralhadora, fez temer um distanciamento quase total com aquilo que lhes era familiar na obra dos Portishead. E, de facto, "Third" é um álbum muito diferente de "Dummy" e de "Portishead", mas não a ponto de não se reconhecer nele a banda. 'Hunter' é talvez a canção que mais imediamente evoca o universo intimista e melancólico do colectivo, num registo aparentado ao da "irmã" 'Glory Box'. Mas os riffs de guitarra revelam que o ritmo forte marcado das composições se repete em todo o disco, e que a força de 'Machine Gun' e o andamento da batida de percussão presente logo na faixa de abertura, 'Silence', estão, de uma forma ou de outra, para ficar em "Third". No tema 'Nylon Smile' a percussão dissolve-se numa brisa de leves toques abrasileirados, no jogo sussurrado com a voz de Beth Gibbons, que se aninha de forma doce na melodiosa 'The Rip' antes de esta começar a acelerar para um tom electrónico 80's ao estilo kraftwerkiano. De facto, em "Third", o dijing típico dos Portishead acaba por perder um pouco do seu protagonismo para a bateria e para as guitarras. A tríade 'Plastic', 'We Carry On' e 'Machine Gun' é disso exemplo.
A rivalizar em força com 'Machine Gun', 'We Carry On' é um dos grandes temas deste álbum que se vai descobrindo e revelando em sucessivos momentos de interesse. A entrada quase trance do tema, dificilmente faria prever a energizante guitarra, que irrompe na música trazendo ecos revivalistas do rock alternativo.
'Deep Water' talvez fosse dispensável no alinhamento do novo disco dos Portishead, mas a atmosfera negra de 'Small' e de 'Threads' ou a densa e sentimental 'Magic Doors' confirmam "Third" como um grande disco. Um disco que vale por si, diferente dos seus antecessores, onde ainda assim se reconhece a marca dos Portishead, desta feita sem o convite explícito para se entrar no seu mundo. "Third" oferece-se antes, de dentro para fora, como uma abertura desse mundo ao exterior.
in Cotonete.
Perante o mistério e as especulações que iam aparecendo sobre a direcção musical do sucessor de "Portishead", a banda viria a responder com o anúncio de um simples "Third", para designar o seu terceiro disco. Mas também avisaram que seria o irmão mais velho da sua família discográfica. O que muitos não esperavam é que a reinvenção sonora da banda chegasse tão longe e para muitos dos fãs a estranheza causada pela "bélica" 'Machine Gun' - single de apresentação - construída sob uma batida forte, num ritmo compassado fazendo lembrar rajadas de metralhadora, fez temer um distanciamento quase total com aquilo que lhes era familiar na obra dos Portishead. E, de facto, "Third" é um álbum muito diferente de "Dummy" e de "Portishead", mas não a ponto de não se reconhecer nele a banda. 'Hunter' é talvez a canção que mais imediamente evoca o universo intimista e melancólico do colectivo, num registo aparentado ao da "irmã" 'Glory Box'. Mas os riffs de guitarra revelam que o ritmo forte marcado das composições se repete em todo o disco, e que a força de 'Machine Gun' e o andamento da batida de percussão presente logo na faixa de abertura, 'Silence', estão, de uma forma ou de outra, para ficar em "Third". No tema 'Nylon Smile' a percussão dissolve-se numa brisa de leves toques abrasileirados, no jogo sussurrado com a voz de Beth Gibbons, que se aninha de forma doce na melodiosa 'The Rip' antes de esta começar a acelerar para um tom electrónico 80's ao estilo kraftwerkiano. De facto, em "Third", o dijing típico dos Portishead acaba por perder um pouco do seu protagonismo para a bateria e para as guitarras. A tríade 'Plastic', 'We Carry On' e 'Machine Gun' é disso exemplo.
A rivalizar em força com 'Machine Gun', 'We Carry On' é um dos grandes temas deste álbum que se vai descobrindo e revelando em sucessivos momentos de interesse. A entrada quase trance do tema, dificilmente faria prever a energizante guitarra, que irrompe na música trazendo ecos revivalistas do rock alternativo.
'Deep Water' talvez fosse dispensável no alinhamento do novo disco dos Portishead, mas a atmosfera negra de 'Small' e de 'Threads' ou a densa e sentimental 'Magic Doors' confirmam "Third" como um grande disco. Um disco que vale por si, diferente dos seus antecessores, onde ainda assim se reconhece a marca dos Portishead, desta feita sem o convite explícito para se entrar no seu mundo. "Third" oferece-se antes, de dentro para fora, como uma abertura desse mundo ao exterior.
in Cotonete.
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