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sábado, março 29, 2008

Rita Redshoes + Shout Out Louds na Aula Magna

Um pouco depois da hora marcada Rita Redshoes subiu ao palco da Aula Magna para abrir esta estreia dos Shout Out Louds em Lisboa e mostrar que a noite também era um pouco dela e dos temas que compõem o seu interessante disco de estreia, "Golden Era". Poucos minutos depois de Redshoes começar a tocar percebeu-se que para o muito público que compunha a sala lisboeta a curiosidade era a palavra de ordem. 'Dream on Girl' e 'Hey Tom' confirmaram-se como verdadeiros singles. Já 'Minimal Sounds' mostrou uma intérprete prestes a atingir o melhor do seu talento e confiança. A fechar, e com imprevisto encore, uma versão do clássico 'Lonesome Town' de Ricky Nelson. Talvez a experiência da estrada traga um pouco mais de arrojo às canções de "Golden Era", mas já é de ouro esta revelação a solo da ex Atomic Bees.

Magrinhos, menos loiros que o esperado e tímidos à sua maneira foi a primeira impressão que os Shout Out Louds deram ao público lisboeta. A abrir 'South America', a 8ª faixa do último e segundo disco, "Our Ill Wills", o pretexto para uma Aula Magna bem recheada ao estilo de festa privada. O vocalista Adam centra em si as atenções gerais, com a ajuda do baixista Ted. A compôr o trio de cordas, Carl segura a sua guitarra bem em cima como um colegial que começou a tocar agora. Atrás, mais discretos apesar de elevados por plataformas, a teclista Bebban e o baterista Eric, riem-se várias vezes um para o outro durante os temas. Assim é a moldura em palco deste quinteto sueco que faz música festiva sobre desilusões.

'Very Loud' do primeiro disco "Howl Howl Gaff Gaff" põe o carimbo definitivo no passaporte para a festa. 'Parent's Living Room' dá a ideia de pós-adolescentes que se juntaram para fazer música há bem pouco tempo. Como se fosse a primeira vez. Por esta altura, Ted agradece aos «amigos portugueses» que lhes emprestaram as guitarras porque as suas ficaram retidas na Itália. O público gosta da confissão e eles respondem com 'The Comeback', seguida do interessante 'Impossible'.

O diálogo estava aberto e 'You Are Dreaming' segue-se com perfeita adequação já que contém uma pequena referência a Portugal. «É sobre uma namorada do Adam que viveu aqui um ano», tinha-nos dito Eric pouco antes do concerto. Boas memórias esperemos. 'Shut Your Eyes' é uma inesperada revelação em palco, com a voz de Adam a colar-se ainda mais à de Robert Smith. Assim uma espécie de versão "betinha" do vocalista dos Cure.

'Go Sadness' é tocada apenas por Adam e Bebban e escapou à assistência portuguesa que é um símbolo adolescente na América, pela sua utilização na série "O.C.", porque no ar começava a sentir-se a expectativa pelo tema que levou a maior parte daquelas pessoas à Aula Magna. E não tardou a chegar, já com toda a sala em pé. 'Tonight I Have to Leave It', o primeiro single de "Our Ill Wills" é também banda sonora associada aos tão populares telemóveis no nosso país. Animado, o público comemora, com Adam a circular pelo meio das Doutorais. E assim se fazem hinos modernos.

E porque a festa não acaba sem um encore, os suecos regressam felizes para interpretar 'Please Please Please' e 'Hard Rain', numa refrescante improvisação final. Ao ver os Shout Out Louds em palco talvez fique mais fácil entender o porquê da recente invasão sueca na música moderna. Sem talento para grandes virtuosismos técnicos e precisamente pela necessidade de arranjos fáceis e imediatos, os temas fluem num tom de pop com laivos de rock tão solto que deixa atrás de si aquele rasto de quem está a fazer apenas o que quer, uma espécie de manifesto libertário naive. E apesar de toda a gente ter ido para casa apenas com o solo inicial de 'Tonight I Have to Leave It' na cabeça, que fique bem claro que pela Aula Magna passou algo mais do que isso.

in Cotonete.

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