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sábado, maio 17, 2008

Mesa - Para Todo O Mal

Depois de dois trabalhos aclamados pela crítica e reconhecidos pelo público, eis que os Mesa lançam em 2008 uma nova incursão nas lides discográficas. "Para Todo o Mal" é a terceira "vitamina" do grupo do Porto e dá continuidade ao trabalho de fusão entre a pop dancável com camadas jazzy, o rock e a electrónica, com pinceladas de funk e até de música clássica.

Embora não apresente mudanças de maior no cardápio sonoro da dupla de 'Luz Vaga' e 'Vício de Ti', o novo longa-duração representa uma refrescante incursão no território rock old school, a la Kinks ou Stones. 'Estrela Carente', 'Tribunal da Relação' e 'Não Vai Ser Bom' são exemplos dessa catarse rockeira e 'quase' inovação sonora, assente no rock cru, e fazem de "Para Todo o Mal" o disco mais 'pesado' da dupla e, simultaneamente, o seu trabalho mais espontâneo, criativo, coeso e directo. Os convidados, designadamente o guitarrista Alexandre Soares, o saxofonista José Pedro Coelho e o percussionista Jean-François Léze terão, certamente, contribuído para esta maturação.

Um outro bálsamo auditivo, até aqui nunca apresentado por Mónica Ferraz e João Pedro Coimbra, é uma abordagem próxima da música clássica, em parceria com a Orquestra Nacional do Porto. Esse novo caminho no metabolismo do grupo é especialmente notório no tema de abertura do disco, 'Porta de Entrada (Intro)'.


O single 'Boca do Mundo' sai claramente ao lado do território habitual do colectivo. É daquelas pérolas que, normalmente, se guardam para fechar os discos e que, por norma, só são compreendidas e aclamadas pelos verdadeiros seguidores das bandas. Isso e o facto de não ter um refrão forte, muito embora tenha uma melodia fabulosa, representa uma péssima escolha para primeiro avanço de um álbum que tem tudo para vingar ao nível comercial.

Depois há o devaneio electrónico a que os Mesa nos têm habituado e que tem em 'Munição' o seu auge. 'Quando as Palavras' lembra 'Divagadora', enquanto 'Paladar' e 'Para Todo o Mal' têm um travo retro absolutamente irresistível, assente na toada electrónica criada por João Pedro e abrilhandada pelo timbre ímpar da voz de Mónica Ferraz.

Em 2001 nascia uma banda portuguesa com força suficiente para marcar a diferença num desinspirado panorama pop de cariz electrónico e dançável, já referenciada internacionalmente. "Para Todo o Mal" pode, ainda, não ser a obra prima que esta dupla há-de construir, mas continua a elevar os Mesa ao patamar de excelência que conquistaram, por mérito próprio, com o disco homónimo e com "Vitamina", e é a prova de que 'para todo o mal' existe, efectivamente, um bem.

in Cotonete.

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