Gavin Rossdale - Wanderlust

Sete anos após o último disco de originais dos Bush, "Golden State", e três depois do flop "Distort Yourself", que editou com os Institute, Gavin Rossdale decidiu, finalmente, abraçar uma carreira em nome próprio, que já havia iniciado com o tema 'Adrenaline', incluído na banda-sonora do filme "XXX", em 2002. "Wanderlust" é o título do primeiro álbum a solo do "Sr. Gwen Stefani", para o qual recrutou a produção sábia de Bob Rock (Metallica, Aerosmith, Motley Crue, Lostprophets).

Vamos ser sinceros: há muito que o rock praticado pelos Bush foi chão que deu uvas. Neste capítulo a solo, Rossdale precisava de ser suficientemente perspicaz para se reinventar e ressurgir das cinzas em glória. Olhando para o trabalho da banda de 'Swallowed', 'Letting The Cables Sleep' e 'Chemicals Between Us', tudo levaria a acreditar que era isso mesmo que iria acontecer, no entanto, aparentemente, o músico parou no tempo e "Wanderlust" mais parece um disco do grupo britânico que ficou esquecido na gaveta e que agora vê a luz do dia.

O cocktail sonoro do longa-duração parece ter sido cozinhado para agradar a uma audiência tão vasta quanto possivel, sendo que a preocupação com a aparência é claramente maior do que a dedicação ao conteúdo. Senão veja-se: há uma mistura coerente de pop e rock, várias baladas de soft grunge, sempre com refrões tão emocionantes quanto belicosos e catchy e letras que aspiram a ser a banda-sonora da vida de meio mundo, com assinatura de Linda Perry, Bob Rock e Dave Stewart, magos que já escreveram para estrelas como Pink ou Christina Aguilera. Talvez por isso, grande parte das canções parecem pouco genuínas.

Momentos positivos no disco são a faixa de abertura, 'Can't Stop The World', bem como 'The Skin I'm In', 'Frontline' e 'Love Remains The Same', provavelmente um dos melhores momentos do álbum. 'The Trouble I'm In', com os préstimos vocais de Shirley Manson, a eterna vocalista dos Garbage, é outro dos momentos felizes do registo. Pontos dignos de louvor são, também, a voz e o poder interpretativo e carismático de Gavin, que continuam a ser dos mais interessantes da cena rock.

"Wanderlust" não é um mau disco, aliás, seria um grande álbum, caso tivesse sido editado há dez anos a esta parte. Em 2008, o longa-duração mais não é do que um decalque dos trabalhos dos Bush. O nível de algumas das composições da banda inglesa e os seus fiéis seguidores mereciam mais, bem mais. Ou Rossdale prova que é, ainda, merecedor de alguma credibilidade com um refrescante segundo disco, ou acabará por ser recordado, sobretudo, pelo público feminino e mais pelos atributos físicos do que pelos musicais.

in Cotonete