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terça-feira, janeiro 03, 2006

Obsessão pura



Sempre ouvi dizer que o amor verdadeiro supera tudo... Será que também resiste à morte? O realizador João Pedro Rodrigues diz que sim e mostra-o (e bem) no filme "Odete".
Ana Cristina de Oliveira é a Odete, uma patinadora de supermercado que namora com um segurança e quer ser mãe... Nuno Gil é Rui, que tem uma relação com Pedro que, por sua vez, é vizinho de Odete... Pedro morre num acidente de viação e o segurança pira-se sem engravidar a moça. É a partir daqui que tudo se desenrola... O desejo de Odete passa a obsessão, de tal forma que diz estar grávida do defunto... Rui tenta a todo o custo esquecer o ex-namorado e refugia-se no álcool e em encontros efémeros que acabam por não o ajudar a cumprir esse propósito... O desespero é tanto que o jovem chega mesmo a tentar o suicídio...
Se no início Rui reage mal ao facto de Odete se estar, de certa forma, a apoderar do passado do ex-namorado, com o passar do tempo vai aceitando, ainda que a medo, uma Odete que se masculiniza e incorpora gradualmente os traços de Pedro... como se o fantasma do rapaz regressasse para os braços de Rui, que vai acreditando que o namorado, de alguma forma, continua presente... Odete e Rui personificam na perfeição a degradação do ser humano numa busca obsessiva do amor e da felicidade...
"Odete" é uma história de amores violentos, é duro, real e cruel, é obsessão pura, perda, luto, solidão, desespero, excessos e provocações, sempre com a morte como pano de fundo...
O realizador João Pedro Rodrigues é inquestionavelmente um dos novos (grandes) valores do (novo) cinema português... Neste "Odete" consegue passar de imagens de uma beleza incrível para sequencias crueis e altamente brutais... but that's life!

2 Comentários:

  • Às quarta-feira, janeiro 04, 2006 12:05:00 da tarde , Blogger André disse...

    já vi que gostaste. boa boa.
    já sabes: podes sempre ler mais aqui: http://moreallofme.blogspot.com/2005/12/algumas-notas-sobre-odete-de-joo-pedro.html

     
  • Às quarta-feira, janeiro 04, 2006 2:04:00 da tarde , Blogger Musicology disse...

    Claro que gostei e muito! Do que vi e do que interpretei nas entrelinhas... Da "linguagem" do realizador, da forma como contou a história, como filmou a obsessão e todos os outros adjectivos que refiro no post, dos simbolismos, muitos deles bastante discretos, outos nem tanto (não que isso seja mau. A decoração dos espaços por exemplo, ou as roupas de alguns personagens podiam ser extremanente kitsch mas, ao contrário, são bastante subtis...) Há também a destacar os desempenhos de alguns actores, a banda-sonora e algumas criticas à sociedade tuga... Só é pena que o publico portugues ainda torça o nariz ao cinema nacional... Anyway, não é suposto que este filme (ou qualquer outro) agrade a todos... Nem sempre (ou por outra raramente) as grandes obras reúnem o consenso quer do publico quer da crítica...

     

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