>>Musicology::

Musica :: Cinema :: Moda :: Everyday Life :: Isto anda tudo ligado

terça-feira, novembro 11, 2008

As verdades de James Morrison

"Songs for You, Truths For Me" é o novo disco de James Morrison. Sem grandes alterações à matriz pop soul de "Undiscovered", o segundo longa-duração do cantor e compositor trará como principal novidade o toque retro soul de algumas faixas e a confirmação dos dotes vocais do artista, reveladores de uma maior maturidade musical neste trabalho.

A escolha de 'You Make It Real' reflecte uma certa continuidade na fórmula de 'You Give Me Someting', o bem sucedido primeiro single do álbum de estreia. Mas a escuta de 'Only By The Night', o tema mais festivo do álbum que abre o alinhamento com uma batida retro soul, secundada pela força dos instrumentos de sopro e os coros, bem como pela interpretação mais suja de Morrison, dá o prenúncio de que há também outras atmosferas para um trabalho dominado pelas canções de amor, que não tem de passar só pelo recurso unívoco a baladas. 'The Only Night' é sem dúvida uma das melhores canções do disco e uma abertura forte para "Songs for You, Truth For Me'. 'Save Yourself', logo a seguir, mantém a mesma filosofia, retomada de forma mais evidente mais à frente do alinhamento com 'Nothing Ever Hurt Like Me', cuja entrada faz lembrar uma versão mais acelerada das primeiras notas de 'I Heard It Through The Grapevine' - uma pequena influência provável que depressa ganha asas próprias para voar ao estilo de Morrison.

Em contraste, 'Once When I Was Little', o tema que se lhe segue, surge como a bonança após a "tempestade" assumindo contornos de balada eminentemente pop, com a guitarra, o piano e os violinos a substituirem-se aos sopros. Ainda assim é das canções onde a voz de Morrison aparece com maior realce e a interpretação denota uma entrega particular, crescendo ao longo da música. 'Precious Love' é o slow clássico ao jeito da soul de nomes como Ray Charles, com direito a coros mais pronunciados já manifestados na anterior 'Save Yourself'. 'If You Don't Wanna Love Me' é uma espécie de outra face, oferecendo-se também como um slow, mas numa versão mais bluesy e despida, com a voz e a guitarra eléctrica a dominarem praticamente até meio, altura em que se juntam outros instrumentos - cordas, bateria - no crescendo que norteia a evolução da maioria dos temas ao longo do disco. 'Dream on Hayley' vai buscar novamente as influências mais retro mas acaba por não acrescentar muito mais às restantes.
Mas nem só dessa soul vive "Songs For You, Truths For Me". Tal como 'You Make It Real', as duas canções seguintes - 'Please Don't Stop The Rain' e 'Broken Strings' - são composições claramente pop. 'Broken Strings' traz um dueto com Nelly Furtado e apresenta uma batida de dança suficientemente cativante e orelhuda para se apropriar de algumas pistas de dança: condimentos suficientes para tornar o tema no candidato natural a segundo single.

No confronto com as duas vozes percebe-se no entanto a discrepância entre os dotes de cada um dos cantores. Morrison é sobejamente superior. Daí que as comparações muitas vezes feitas entre o cantor e outros seus contemporâneos como James Blunt ou Daniel Powter, e até mesmo Chris Martin, se revelem quase sempre gratuitas. James Morrison tem capacidades vocais que os exemplos que, como se referiu, servem de comparação não possuem. Tem um percurso discográfico mais consistente que o amado e odiado James Blunt e que Daniel Powter. Não se move exactamente nos mesmos territórios que os Coldplay. Seguindo a máxima de um passo de cada vez é possível que dentro de algum tempo, James Morrison possa estar para a pop/soul como está Jamie Cullum para o pop/jazz. Pop com selo de qualidade.

in Cotonete

1 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial